terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Hiperatividade em casa e na escola. Como identificá-la e o que fazer?



“A criança hiperativa representa um enorme desafio para pais e professores.[...]”. (GOLDESTEIN, 1998)



Mas o que é de fato a hiperatividade? Como identificar se uma criança é hiperativa? Como lidar com este tipo de criança? A hiperatividade tem solução?
Parece este ser um tema novo, um modismo criado pelos profissionais de educação ou pelos psicólogos, porém a hiperatividade foi descrita pela primeira vez em 1902. Mas só em 1994 o termo TDHA veio ser oficializado Associação Americana de Psiquiatria.
Cientificamente educadores e psicólogos chamam a hiperatividade de TDHA (Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade), mas ela ainda tem outras denominações como Disfunção Cerebral Mínima, Reação Hipercinética da Infância, Distúrbio de Déficit de Atenção.
Muitas vezes ouvimos pais reclamando que seu filho é hiperativo, mas de fato é necessário que se saiba o que, de fato, seja a hiperatividade.
Numa definição mais curta e direta, a hiperatividade é a atividade exagerada. E esta pode está presente também na fase adulta.
A hiperatividade é um distúrbio crônico, porém só é confirmada no início da vida escolar da criança. Outros fatores no desenvolvimento da criança no início de sua infância podem colocar essa criança neste grupo de risco da hiperatividade, como por exemplo, a criança que apresenta dificuldades para dormir, a criança que tem um sono turbulento, com pesadelos, dificuldades para se acalmar entre outros. Sem falar que existem outros fatores que também podem ter relação com a hiperatividade como uma gestação com problemas, distúrbios clínicos, problemas hereditários, entre outros.
A criança hiperativa geralmente apresenta alteração no comportamento, diminui a persistência e consistência ao realizar as atividades de rotina como as atividades escolares, praticar esportes, movimenta-se de forma exagerada pernas, braços, cabeça, etc., é impaciente, na maioria das vezes não consegue concentra-se em uma atividade, não tem noção de perigo e principalmente não tem limites.
É importante ressaltar que a criança hiperativa não apresenta obrigatoriamente todos esses comportamentos e conforme as situações variam a intensidade em que ocorrem.
O diagnóstico da hiperatividade é complexo, mas podemos observar alguns pontos que apontam a hiperatividade:

- Agitação e Desatenção – A criança não consegue se concentrar em atividades por muito tempo, e geralmente esta criança está na maioria das vezes atrasada em relação às demais crianças no mesmo nível de desenvolvimento.
- Atividade Excessiva e Superexcitação – A criança é excessiva emocionalmente, são muito agitadas, na maioria das vezes desorganizadas e falam muito.
- Impulsividade – A criança hiperativa dificilmente pensa antes de agir e não mede as conseqüências. Não tem limites, demonstrando assim um comportamento inadequado.
- Frustrações – Não aceitam adiar recompensas, são insistentes e impacientes. Não conseguem esperar sua vez seja para falar, para ficar numa fila ou até para jogar.

Temos que salientar que as crianças hiperativas apresentam semelhanças com as outras crianças não-hiperativas, a diferença é que a criança hiperativa apresenta excessos comportamentais.
Muitos pais omitem ou fazem de conta que não sabem que seus filhos têm problemas. Porém é preciso ter cautela e saber que uma vez diagnosticada a hiperatividade e não tratada a criança pode ter sérios problemas em seu cotidiano como também isto pode refletir no relacionamento familiar e social.

Mas, o que fazer?

Algumas práticas são sugeridas aos pais e professores que convivem com crianças que apresentam o TDAH, contribuindo para uma melhor qualidade de vida, bem como o desenvolvimento da criança.

- Aos Pais:

· Procure agir da mesma forma em relação às outras crianças e aos demais filhos caso tenham;
· Ofereça atividades físicas regularmente;
· Dê preferência por atividades que tenham regras e limites;
· Selecionar a escola de forma bem criteriosa, dando preferência àquelas que disponibilizam trabalhos específicos para crianças com TDAH;
· Procure sempre conversar com o educador responsável pela criança e também com a coordenação da escola;
· Conscientize-se da importância do trabalho em equipe (pais/família/profissionais);
· Comunique-se com clareza;
· Reflita bem antes de tomar decisões;
· Evite precipitações;
· Incentive os progressos e evite críticas constantes.
· Utilize a linha de recompensa antes e a punição caso seja necessário;
· Sustente suas decisões, tenha autonomia e voz ativa.

- Aos Educadores:

· Dê prioridade ao diálogo de forma que venha adquirir a confiança da criança bem como conhecer suas preferências;
· Busque criar estratégias e recursos diferentes de forma que venha a favorecer a aprendizagem do aluno;
· Inicie sempre com atividades simples e conforme a evolução vá aumentando os níveis;
· Encoraje-a com freqüência;
· Busque sempre manter próxima a você na sala de aula;
· Dialogue em particular com a criança, informando-a sobre seu desempenho de forma que venha estimular sua evolução;
· Por mais simples que sejam as evoluções, jamais deixe de elogiar evitando o regresso do desenvolvimento.

No caso de suspeita, orienta-se encaminhar a criança/adolescente ou adulto para uma avaliação feita por especialistas (psicopedagogo, neurologista infantil, psicólogo e fonoaudiólogo). O papel da família juntos a estes profissionais é de fundamental importância.



Poliana Gomes Figueirêdo

domingo, 11 de janeiro de 2009

A Expressão Musical para Crianças da Educação Infantil



O tratamento metodológico dado a musica através da educação infantil tem-se limitado a um momento de recreação, ou somente ao tempo em que se preparam coreografias musicais para as festas comemorativas da escola. Não há, portanto, nenhum compromisso ou objetivo relacionado ao desenvolvimento expressivo da criança.
A música deve ser vista como uma verdadeira "linguagem de expressão”, parte integrante da formação global da criança. Ela deverá estar contribuindo no desenvolvimento dos processos de aquisição do conhecimento, sensibilidade, criatividade, sociabilidade e gosto artístico. Caso contrário se perde na forma de mera atividade mecânica, com a simples reprodução de cantos, sem a interação da criança com o verdadeiro momento da atividade musical.
O benefício desse momento lúdico deve prevalecer sobre os conteúdos. O momento de descobertas, de reconhecer os sons, as combinações rítmicas, melódicas e até harmônicas constituem para a criança um grande prazer e satisfação. Ela poderá estar manipulando, de acordo com suas vontades, os sons que produzirá através de suas próprias experiências, organizando-os, no início, de acordo com regras estipuladas por ela mesma. Esse momento é de fundamental importância, porque a criança estará bastante receptiva e mais envolvida para participar de um "fazer musical", desbloqueada de preconceitos como os de que não sabe cantar ou não tem ritmo, inibições estas criadas, muitas vezes, pela própria escola, principalmente quando chegam ao ensino fundamental. Corrigir seus erros antes que ela possa cantar ou tocar é levá-la a se calar...
Semelhantemente, assegurar à criança a compreensão de que ela canta porque identifica sons, que bate o ritmo na pulsação porque incorporou essa pulsação é proporcionar-lhe confiança na sua própria capacidade de expressar-se, o que, indiscutivelmente, a beneficiará e a estimulará a novas experiências.
Curioso é saber os motivos pelo qual não se desencadeia um processo simples, espontâneo, lúdico, em que haja prazer por parte da criança em estar participando da experiência musical. Porém o processo de aquisição dos meios expressivos é construído, lentamente, passo a passo, gradativamente, de forma profunda e ampla. De modo que seja vivenciado e colocado cada vez mais em prática as experiências com seus próprios meios expressivos. Importante também é salientar que nem toda a idéia de uma experiência proposta é concretizável. Nem sempre a resposta é a que se espera. Existe frustrações. Mas, num processo que prevê elaborações e re-elaborações, entre prazeres e conflitos, também é possível construir.
Muito nos inquieta a banalização por parte das escolas, em relação a expressão musical, de forma que estas manifestações só se dão em momentos comemorativos, Os ensaios musicais, quando acontecem, quase sempre estão vinculados a futuras apresentações, datas especiais, em que as crianças têm o compromisso de se apresentarem "o melhor possível". Converter-se um processo que poderia ser rico, prazeroso, espontâneo num momento de pura obrigação é uma lástima. Não que estes momentos devam ser descartados. É bastante salutar apresentar o resultado de um momento musical elaborado por um grupo, porém, quando se está à mercê de prazos preestabelecidos, principalmente nessa faixa etária, perdem-se grandes oportunidades de que as crianças explorem o processo em toda sua magnitude.